Orelha de Telhado de vidro
Em Telhado de vidro, Jussára Godinho passeia pelos paradoxos que
permeiam a vida do poeta. A começar pelo título emblemático, que revela a
fragilidade do humano, todo o livro flui a partir de três vertentes: a finitude
das coisas e dos seres, a consciência de que a solidão faz parte da caminhada e
o resgate da alegria e da esperança por meio das coisas simples.
Jussára Godinho escreve
palavras para os olhos e para o coração. Palavras que nos alcançam em nossas
lembranças, em nossas vivências. Versos que expõem vontades explícitas e
constatações realistas, como: Antes que
eu me vá.../Revele-se a mim/Esbanje-me, ou ainda: No verão da
existência,/inicia – covardia - o começo/do fim...
Uma mulher disposta a
conceber e a viver coisas bonitas a qualquer tempo. Um ser humano em constante
superação, que ordena aos seus medos e dores e sofrimentos e incertezas que se
transformem em alavancas propulsoras. Uma alma incisiva, entregue ao destino,
às possibilidades e aos mergulhos mais fundos por meio da poesia. A Poesia/é a sangria/da angústia/e da
alegria/escorrendo/das veias/de quem a cria.
Ao recorrer a elementos
como o sol, o mar, a chuva, as flores, Jussára poderia ser mais uma poeta a
fazer uso das ferramentas triviais da poesia. Mas não é. Em seus versos, a natureza é parceira, é
redentora. Um canal por onde escoam a nostalgia, o lirismo e o resgate
persistente do Amor sob todas as suas formas. Por isso Telhado de vidro é o que é: uma ode à vida.
Agradeço à autora, a quem conheço
do meio literário em que convivemos, por ter me escolhido para escrever estas
palavras.
Fiquei feliz e honrada. Talvez por sermos contemporâneas — nascemos exatamente no mesmo ano — me tenha sido tão fácil é possível entender a amplitude dos sentimentos por trás dos seus versos. Ou talvez isso se deva apenas ao fato de que eu os li com a alma.
Convido vocês a lerem Telhado de vidro. Assim, despretensiosamente. Com a mesma simplicidade com que Jussára Godinho o escreveu. E com o mesmo carinho.
Cinthia Kriemler
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