Qual é a sua?
Por Jussára C Godinho
Sou da opinião de que nome é coisa
séria. Pode até não ser bonito, mas, tem de ter uma razão de ser. Tem de ter
história pra contar. Só assim, pode se tornar atraente, curioso, encantador, ou
sagrado.
Hoje, posso dizer que eu gosto do meu,
apesar de assinar apenas a inicial do segundo nome, um belo e curioso C. Mas não faço isso por vergonha, não.
Admito que já fiz, na época boboca da adolescência, mas não é mais, não, tenho
mesmo é orgulho dele. Creio que é por costume, já que se leva um bom tempo pra
zarpar dessa fase de tantas inseguranças.
Muitos me perguntam se é Carmem,
Cristina, Cátia, Cláudia, Carina... Ah, quem dera fosse, diria eu se ainda
fosse menina! E eu prontamente respondo:
--- Gente, nome é coisa tão séria que
(alguns deles) não dá pra se dizer assim, à queima-roupa. É preciso contar a
história deles, muitas vezes, triste; outras, cômicas; outras, ainda, sagradas,
mas todas muito peculiares.
Minha mãezinha era uma mulher de fé,
muito religiosa. Fazia orações, novenas, simpatias e me ensinava que o céu é
cheio de santos e anjos esvoaçantes tocando trombetas. Era uma pessoa de alma
pura e coração mole. Era certamente de Deus.
No povoado onde vivia, as pessoas
contavam muitas histórias. Ela gostava de uma que ouvira desde criança: Havia
um homem do mal que, há muito tempo, vivera por aquelas bandas. E ele cultuava
atitudes criminosas e demoníacas. Certa vez, desejara uma menina que vivia a
plena inocência de seus nove aninhos. Planejou tudo e, num dia triste e
chuvoso, seguiu-a, e, no caminho deserto
onde a pequena buscava água numa lata --- água encanada era luxo que nem mesmo
os mais afortunados usufruíam na época --- sem esforços conseguiu seu feito.
Depois do ato hediondo, esfacelou a cabeça da criança com a mesma pedra que
escondeu para todo o sempre o seu corpinho franzino massacrado.
Todos do povoado ficaram perplexos com a
tragédia. E todos rezaram... E dizem que, desde então, a Menina Custódia
começou a fazer milagres. Virou Santa. E todos rezam... Muitas graças foram e
são alcançadas por meio Dela.
Confesso que fiquei emocionada quando
conheci o capitelzinho singelo e solitário, na serra do Estado de Santa
Catarina, que abriga a Santa, da qual eu carrego o nome, que a minha Santa Mãe
escolheu para homenageá-la.
Naqueles tempos, todas as mães
acreditavam que, dando um nome de santo aos seus filhos, eles seriam protegidos
pelas divindades escolhidas. Por isso existem tantas Marias no mundo. “Meu
filho vai ter nome de santo...”
Por que contei tudo isso? Quem sabe pra evitar o ataque de risos
adjacente à resposta da pergunta: “O que significa o ‘C’ do seu nome?”
Porque nome é coisa séria, muito séria,
aliás, seriíssima!
Jussára C Godinho |
Um comentário:
Linda história Ju, adorei saber! Agradeça a proteção sempre, e parabéns pela crônica!
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