“O que poderei fazer
por minha Pátria?”
Remexendo nos meus guardados
literários, deparei com meu primeiro prêmio Literário, um Diploma de Menção
Honrosa que ganhei num concurso de “redação”, um concurso regional literário,
em 1969.
Diante disso, não pude evitar
que a velha curiosidade me assaltasse, velha, pois sempre que pego esse
diploma na mão, essa curiosidade me aflige, me encanta e me judia.
O que uma criança, uma
menininha magricela, muito pobre, estudante de uma pequena e pobre escola
pública teria escrito nesse texto que mereceu um prêmio-destaque, num concurso
regional de “redação”? Infelizmente, o texto não voltou pra mim, não sei se os
organizadores detiveram ou se, quem sabe, a professora guardou de recordação de
sua mais atenciosa, responsável, amável e caprichosa aluna?
Não sei, quem sabe?
Mas, realmente, é muito curioso e
gostaria muito de saber o que teria dito uma criança de classe popular, oriunda
de uma família pobre, em que os pais passavam as maiores dificuldades para
criar seus filhos, sem ter acesso às questões básicas de sobrevivência porque
viviam num país em que o regime priorizava o mínimo para seu povo?
O que uma criança tão pobre e sem recursos poderia pensar e ter sugerido sobre um tema tão complexo e...
Em plena DITADURA?
Lástima não ter acesso a esse
texto, essa preciosidade que hoje aguça a minha curiosidade e mexe com a minha
cidadania.
Impossível deixar de remeter
tudo isso ao dia de hoje, dia 31 de março, e me perguntar com todo o
sentimento, mesclas de dor, de medo, de insegurança e de preocupação, mas
também (e por que não?) de muita luta e esperança. Não teria sido isso mesmo
que a menininha escreveu? Impossível diante disso, depois de ter lembrado dessa época da minha vida, depois de passados 50 anos, e de ter comparado à situação de risco que corre nosso país, na atual conjuntura política, não me
voltar ao tema do Concurso e perguntar:
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