Descerrando nós
(Livro: Meu Universo a Poesia)
(Livro: Meu Universo a Poesia)
Hoje despertei mansa, sonolenta
Com olhar semicerrado
Descerrei a janelinha do meu porão
E pela fresta avistei
o jardim do meu coração
A terra com muita sede
Dilacerava rachaduras
Das flores de antigamente
Somente ramas secas
Emaranhadas de nós
Sobreviveram, na árida escuridão
as sementes?
Foi necessário arrombar coragens
E adentrar medos
Para alargar meu olhar
Descuidei do meu jardim
Ali havia teias de sonhos
Enroscadas em mágoas
Empoeiradas pelo tempo
Das flores perfumadas
Só os talos estalando
Pontiagudos, machucando...
Arranhada, sangrando
Arranquei-os de lá
As lágrimas da saudade
Banharam o lugar
As fendas se fecharam
Sonhei a terra renascendo
Com a porta escancarada
A visão já apurada, reparei
Quase esmagados no chão
Cotilédones retorcendo-se para a luz
Era o retorno da vida
Há muito trancada no meu eu
Respirei... Suspirei...
Cerrei os olhos
Respirei outra vez
Aparei as arestas
Deixei as portas abertas
Convidei o Sol para entrar
Menção Honrosa – Concurso Revolução Cultural - 2012
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